É muito comum encontrarmos pequenas ou médias empresas (PMEs) em dificuldades financeiras logo nos primeiros anos de vida. E muito disso se explica pela inexperiência do empreendedor ou por pequenos erros gerenciais que acabam se somando e gerando dívidas graves e difíceis de sanar.

É nesse momento que a reestruturação de dívidas emerge como uma prática essencial para empresas desses portes poderem se levantar e evitar a recuperação judicial, além também de ser uma oportunidade para promover um crescimento estruturado e sustentável do negócio.

Neste artigo, trouxemos algumas das melhores práticas e estratégias de reestruturação de dívidas para PMEs, além de dicas e exemplos para ilustra-las.

A importância da reestruturação de dívidas

Para muitas PMEs, a gestão inadequada de dívidas pode rapidamente levar a problemas financeiros graves. E isso acontece principalmente pela deficiência ou inexperiência do empreendedor em prover uma gestão mais profissional ao caixa da empresa.

Geralmente, a reestruturação de dívidas permite que as empresas reorganizem suas obrigações financeiras de maneira a melhorar seu fluxo de caixa, reduzir a carga de juros e evitar um pedido de recuperação judicial, ou mesmo a insolvência.

Entretanto, este processo envolve a renegociação de termos com credores, a consolidação de dívidas e a implementação de práticas mais robustas de governança, compliance e gestão financeira para PMEs. Afinal, após se recuperar de um momento tão difícil, ninguém quer que a situação volte a ocorrer.

Estratégias para reestruturação de dívidas

É claro que o empreendedor pode tentar negociar seus débitos como quiser, mas existem técnicas e estratégias que garantem maior eficácia no processo. Algumas empresas de consultoria financeira possuem metodologias próprias e conseguem renegociar dívidas de seus clientes com uma alta chance de sucesso.

Abaixo, listamos algumas estratégias comprovadamente eficazes:

1. Avaliação Completa da Situação Financeira

O primeiro passo na reestruturação de dívidas é uma avaliação completa da situação financeira da empresa. Isso inclui:

  • Análise de Fluxo de Caixa: Examinar detalhadamente o fluxo de caixa para identificar padrões de receitas e despesas.
  • Inventário de Dívidas: Listar todas as obrigações financeiras, incluindo empréstimos, linhas de crédito, fornecedores e impostos.
  • Análise de Receitas e Despesas: Avaliar as fontes de receitas e os custos operacionais para identificar áreas onde é possível reduzir despesas.

Uma avaliação financeira detalhada proporciona uma base sólida para a tomada de decisões informadas durante o processo de reestruturação, garantindo maior assertividade e maiores chances de sucesso.

2. Renegociação de Termos com Credores

Renegociar os termos das dívidas existentes é uma das estratégias mais eficazes para aliviar a pressão financeira. As PMEs podem considerar:

  • Extensão de Prazos de Pagamento: Negociar prazos de pagamento mais longos para reduzir os pagamentos mensais.
  • Redução de Taxas de Juros: Solicitar a redução das taxas de juros, especialmente se a empresa tiver um histórico de pagamentos pontuais.
  • Moratória Temporária: Negociar um período de carência durante o qual os pagamentos são suspensos ou reduzidos, permitindo à empresa se recuperar financeiramente.

3. Consolidação de Dívidas

A consolidação de dívidas envolve a combinação de várias dívidas em um único empréstimo, geralmente com uma taxa de juros mais baixa e um prazo de pagamento mais longo. Isso simplifica a gestão das dívidas e pode reduzir os custos totais de juros.

Exemplo: Uma pequena varejista possui dívidas com cartão de crédito e outros pequenos empréstimos de curto prazo. Para quita-las, ela pode levantar um único empréstimo com uma cooperativa de crédito, reduzindo a taxa de juros de 25% para 15% ao ano.

4. Venda de Ativos Não Essenciais

A venda de ativos não essenciais pode gerar capital para pagar dívidas ou investir em áreas estratégicas do negócio. Mas essa atitude requer também muito cuidado e envolve outras estratégias de venda rápida, que pode, por fim, significar preços baixos e ganhos menores.

Para essa estratégia ser verdadeiramente eficaz, aliviar a carga financeira e fazer sentido no momento da empresa, é imprescindível identificar e vender ativos que não são críticos para as operações.

Por exemplo: um maquinário que foi adquirido em algum projeto que não prosperou e hoje é pouco utilizado.

5. Melhoria na Gestão de Contas a Receber e Pagar

Outra estratégia de reestruturação de dívidas a ser adotada pela empresa em crise diz respeito a implementar práticas eficazes na gestão de contas a receber e pagar, o que é fundamental para manter um fluxo de caixa saudável. Isso pode incluir:

  • Descontos para Pagamentos Antecipados: Oferecer descontos para clientes que pagam antecipadamente.
  • Negociação de Prazos de Pagamento com Fornecedores: Estender os prazos de pagamento com fornecedores para alinhar com o ciclo de recebimento de receitas.
  • Automatização de Processos: Usar software de gestão financeira para monitorar e gerenciar contas a receber e pagar de forma eficiente.

6. Consultoria Financeira Profissional

Por fim, se o cenário se mostra complexo e o empreendedor não consegue alinhar seus objetivos, buscar a ajuda de consultores financeiros experientes e soluções personalizadas para a reestruturação de dívidas pode ser o caminho mais adequado.

Embora isso, num primeiro momento, possa parecer um gasto a mais, no médio e longo prazo essa consultoria pode significar a diferença entre crescer e definhar. Consultores podem ajudar a negociar com credores, identificar oportunidades de melhoria financeira e desenvolver um plano de reestruturação eficaz, colocando a emoção fora da mesa de negociações.

Conclusão

A reestruturação de dívidas é uma estratégia vital para PMEs que desejam evitar a recuperação judicial e garantir um crescimento estruturado e sustentável. Ao adotar práticas como a renegociação de termos com credores, a consolidação de dívidas, a venda de ativos não essenciais e a melhoria na gestão de contas, as empresas podem aliviar a pressão financeira e criar uma base sólida para o futuro.

Além disso, contar com a ajuda de uma consultoria financeira profissional para evitar um pedido de RJ e desenvolver planos de reestruturação personalizados pode ser o passo certeiro para a resiliência e o sucesso a longo prazo da empresa.

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