Toda empresa enfrenta desafios financeiros ao longo de sua trajetória, de diferentes intensidades e causados por diversos fatores que podem ser tanto internos quanto externos, mas algumas crises podem ser devastadoras e sair delas é um desafio ainda maior.

Nessas situações, a governança corporativa pode fazer a diferença entre sair da crise com uma base fortalecida ou ver a empresa sucumbir a dificuldades ainda maiores. Estima-se que cerca de 65% das empresas brasileiras já aderem a práticas de governança, mostrando que o ambiente de mercado nacional já compreende a importância do assunto.

E mais do que isso: em tempos de crise, manter um cotidiano de transparência nas ações e na comunicação interna e externa tem se mostrado como uma cultura fundamental dentro da empresa, capaz de restaurar a confiança dos stakeholders e realinhar a empresa em direção à recuperação financeira.

Por isso, hoje vamos entender como é possível sair da crise através de boas práticas corporativas, seriedade e compromisso com a governança, não importando o tamanho da empresa.

A importância da governança em tempos de crise

A governança corporativa vai além da gestão interna de uma empresa; trata-se de criar uma estrutura sólida de regras, processos e comportamentos que garantem a tomada de decisões claras e éticas.

Em tempos de crise, a boa governança ganha ainda mais importância, já que as decisões precisam ser rápidas e eficazes, mas, ao mesmo tempo, devidamente informadas e transparentes.

Empresas que adotam boas práticas de governança conseguem se posicionar de forma mais estável durante períodos de incerteza, pois transparência nas operações e no fluxo de informações com os stakeholders permite a criação de um ambiente de confiança, o que é fundamental para obter apoio de investidores, fornecedores e até colaboradores.

Usando a governança como um mecanismo para sair da crise

É importante compreender que governança não é apenas uma ferramenta de gerenciamento, mas um mecanismo essencial para sair da crise. Dessa forma, ela não deve estar na mente e na atitude dos colaboradores (e principalmente da alta gestão) como um projeto ou algo passageiro, mas sim como algo permanente que garante a saúde da empresa.

Além de promover a transparência, a governança estabelece estruturas de auditoria e compliance que ajudam a instituição a operar dentro de padrões regulatórios e éticos. Isso se torna especialmente importante em cenários de crise financeira, quando os erros de gestão podem ser letais para o negócio.

Um comitê de crise, por exemplo, pode ser formado para garantir que todas as decisões sejam supervisionadas e que as medidas necessárias sejam implementadas de forma eficaz e ética. Esses comitês podem ajudar a empresa a monitorar de perto suas finanças e a ajustar suas operações rapidamente, o que é crucial para garantir a estabilidade e a recuperação.

Transparência: pilar fundamental para sair da crise

Outro aspecto fundamental que deve fazer parte de uma cultura corporativa de forma permanente é a transparência. Quando uma empresa enfrenta uma crise financeira, ser transparente em suas ações garante que os diferentes públicos da empresa – acionistas, colaboradores, clientes e credores – permaneçam informados e confiantes na gestão de crise.

Afinal, se ela demonstrar que está comprometida em resolver seus problemas e adotar medidas que fortaleçam sua posição no mercado, seus stakeholders estarão mais tranquilos, informados e podem, inclusive, auxiliar em questões pontuais que contribuem para a superação do problema, seja por meio de novas linhas de crédito, investimentos ou pela manutenção de contratos comerciais.

De que forma a transparência ajuda na recuperação financeira?

Apesar de ser uma tarefa difícil em muitos ambientes corporativos, ser transparente não é apenas uma ferramenta para mitigar crises internas, mas também um meio de demonstrar responsabilidade e compromisso com o mercado. Por isso, ao adotar uma política de governança clara, focada na transparência, as empresas conseguem:

  1. Reforçar a confiança dos investidores: Investidores tendem a apoiar empresas que demonstram controle e clareza sobre sua situação financeira, mesmo durante crises.
  2. Fortalecer a relação com fornecedores: Ao serem informados sobre o plano de recuperação judicial (se for o caso) ou sobre mudanças na gestão de processos, os fornecedores podem continuar apoiando a empresa com contratos e condições favoráveis.
  3. Engajar os colaboradores: Manter a equipe informada demonstrar que existe um planejamento para superar o momento adverso pode reduzir a rotatividade e melhorar o desempenho geral.

A transparência também serve como uma forma de gerenciar riscos, pois ao identificar problemas com mais rapidez, possibilita-se a criação de estratégias antes que a situação se agrave.

Exemplos de empresas que saíram da crise através da boa governança

Existem vários exemplos de grandes empresas que conseguiram sair da crise através de uma governança transparente. Um exemplo clássico é o da IBM nos anos 90.

Enfrentando uma grave crise financeira, a IBM passou por uma reestruturação agressiva que envolveu uma abertura radical sobre seus problemas internos. O então novo CEO, Lou Gerstner, adotou uma política de comunicação aberta com os acionistas e implementou mudanças claras na estrutura de gestão, o que resultou na revitalização da empresa.

Outro exemplo recente é o da Embraer. Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, a empresa enfrentou uma severa crise financeira com o cancelamento de uma fusão com a Boeing e a drástica queda na demanda por aviões comerciais.

Para sair da crise, a Embraer adotou uma postura transparente com o mercado, acionistas e funcionários, reestruturando operações, reduzindo custos e abrindo o diálogo sobre o planejamento da recuperação. Essa estratégia de governança permitiu à Embraer preservar sua reputação no mercado e voltar a demonstrar resultados positivos.

Conclusão:

A governança corporativa, com ênfase na transparência, é uma estratégia essencial para empresas que desejam sair da crise com sucesso. Por meio de uma comunicação clara e de processos robustos, a empresa pode ganhar a confiança de seus stakeholders e traçar um caminho para a recuperação.

Isso significa, portanto, que adotar boas práticas e investir na transparência torna sua instituição mais forte e resiliente. Com isso, é possível preservar a reputação, atrair novos investimentos e, acima de tudo, garantir um crescimento sustentável a longo prazo.

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