A busca incessante pelo retorno financeiro tem feito com que muitas empresas deixem de dar a devida atenção às práticas que avaliam a sustentabilidade corporativa. O recente e controverso caso da Americanas é um exemplo dessa falta de planejamento estratégico: preocupada em gerar lucro e distribuir dividendos, a holding brasileira criou um problema social para muitos à sua volta. Antes de entrar nessa correlação entre resultados e ESG, é importante explicar a origem e os aspectos desse termo.

 

O termo foi criado há quase 20 anos em uma publicação do Banco Mundial, feita em parceria com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de nove países responsáveis pela administração de mais de 20 trilhões de dólares. Hoje é uma importante referência para a sociedade como um todo, de modo especial para a iniciativa privada, incluindo grandes fundos de investimentos.

 

Um deles é a Black Rock, considerada a maior em gestão de ativos do mundo e que financiava a Americanas. A instituição já havia anunciado, há três anos, que deixaria de fazer aplicações em empresas que não tivessem práticas alinhadas ao ESG.

 

Aspectos do ESG

 

Relacionado diretamente à sustentabilidade do negócio, o ESG leva em consideração os seguintes princípios:

 

– Social, que se refere a direitos do trabalhador, impacto na comunidade, responsabilidade com os clientes, saúde e segurança;

– Ambiental, que está ligado à mudança climática, uso de recursos sustentáveis e redução da poluição;

– Governança, que diz respeito à transparência fiscal, anticorrupção, gestão de riscos e direitos do acionista.

 

Impactos sociais

 

No caso da crise da Americanas, sua lista de credores reúne cerca de 8.000 nomes de todos os tamanhos: das grandes companhias – como Samsung, Motorola e Apple – a micro, pequenos e médios empresários. Sua dívida alcança a impressionante cifra de R$ 41,2 bilhões, o que levou a instituição a entrar com pedido de recuperação judicial.

 

Tão grave quando a situação da empresa são seus desdobramentos: com efeito cascata, há consequências para vários setores econômicos, com perdas para investidores e milhares de desempregados. Soma-se a isso o prejuízo para os fornecedores que, ao ficarem sem receber, também precisam demitir e, em muitos casos, até fechar as portas, deixando a cadeia de produção do Brasil sob o risco de entrar em colapso.

 

Vantagem competitiva

 

Nos dias de hoje, para além da preocupação com o lucro ou resultados de curto prazo, é fundamental considerar a longevidade da instituição e seu impacto na sociedade. As práticas de ESG, portanto, devem ser implantadas e executadas respeitando o cumprimento de todos os seus aspectos, sejam eles sociais, ambientais ou de governança, bem como observando suas respectivas métricas.

 

Empresas atentas a essa tríade levam vantagem competitiva de longo prazo, uma vez que tais práticas fidelizam a nova geração de consumidores, cujo perfil é mais crítico. Além disso, ainda geram fluxos adicionais de valor, tais como: melhor custo-benefício operacional, aprimoramento de imagens e reputação de marcas, menor exposição a riscos, dentre tantos outros.

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