Criado no primeiro semestre de 2024, o EcoInvest é um programa do governo brasileiro que pretende captar capital privado estrangeiro para financiar a transição do país para uma economia de baixo carbono, de modo a cumprir as metas estabelecidas pela Agenda 2030, da ONU.

Mas apenas recentemente o governo anunciou o leilão de linhas de crédito para os bancos poderem usar como captação de recursos destinados a projetos de economia verde. Trata-se, portanto, do primeiro passo concreto do programa.

Assim que estiverem disponíveis, essas linhas de crédito poderão representar, principalmente para as pequenas e médias empresas brasileiras, uma oportunidade única de acessar recursos para financiar projetos sustentáveis, fortalecer suas práticas de ESG e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução do carbono no país.

É sobre essa oportunidade que vamos tratar hoje neste artigo. Afinal, podemos estar diante de uma verdadeira “virada de chave” para que sua empresa abrace de vez o ESG e contribua significativamente para a mudança positiva em nossa sociedade.

O que é o EcoInvest?

O EcoInvest é uma iniciativa do governo brasileiro que visa atrair investimentos internacionais e facilitar o acesso de empresas a recursos voltados para a transição ecológica. Com um fundo de R$27 bilhões, o programa busca impulsionar projetos de sustentabilidade empresarial através de parcerias entre o setor público e privado, promovendo um ambiente mais favorável para o investimento em ESG.

Aliás, essa colaboração entre o setor público e o privado é fundamental para o sucesso do programa, chama a atenção do mundo e destaca o compromisso do Brasil com o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente.

Uma das estratégias-chave para que o EcoInvest seja atrativo e vantajoso a investidores estrangeiros é fornecer proteção cambial, o que reduz os riscos associados à volatilidade cambial e garante a viabilidade de investimentos sustentáveis no país.

A priori, esta iniciativa será especialmente importante para pequenas e médias empresas que, historicamente, enfrentam mais dificuldades para acessar recursos e implementar práticas ESG no cotidiano.

Blended Finance: o que é e como pode ajudar sua empresa?

Os leilões de recursos anunciados pelo governo para o EcoInvest serão feitos na modalidade blended finance, que, em suma, diminui significativamente os riscos associados aos empréstimos e torna a rentabilidade do empreendimento mais segura.

O blended finance é uma modalidade de financiamento que combina capital público e privado, com o objetivo de reduzir riscos e aumentar o retorno de investimentos em projetos de alto impacto social e ambiental. No contexto do EcoInvest, o Tesouro Nacional realizará leilões para que bancos possam captar recursos nessa modalidade e, posteriormente, repassá-los para empresas que desejam financiar iniciativas sustentáveis.

Sobre isso, ficou estabelecido que o principal critério para o leilão se refere à capacidade da instituição financeira em alavancar o dinheiro subsidiado com recursos captados no exterior, sendo o mínimo aceitável de 6 vezes o valor emprestado. Ou seja, se o banco tomar R$ 100 milhões, terá que captar outros R$ 500 milhões e destinar a projetos de economia verde, que visam reduzir as emissões de carbono ou a adaptação às mudanças climáticas.

Para diretores, gerentes e CEOs de pequenas e médias empresas, isso significa que há uma possibilidade dos bancos oferecerem oportunidades para financiamentos com condições mais favoráveis. Projetos que antes poderiam ser considerados arriscados, como a transição para energias renováveis ou a adoção de tecnologias verdes, agora têm mais chances de se concretizarem.

Por que o ESG é fundamental para sua empresa?

Adotar práticas de ESG não é apenas uma questão de responsabilidade social; é uma estratégia de negócios que pode trazer inúmeros benefícios. Por isso, hoje se acredita muito que os princípios ESG devem estar acima de qualquer lucro.

Empresas que se comprometem com o ESG são mais atraentes para investidores, consumidores e parceiros de negócios. Além disso, elas tendem a ser mais resilientes, têm maior capacidade de adaptação a novas regulamentações ambientais e sociais, e conseguem reduzir custos operacionais, especialmente em áreas como energia e gestão de resíduos.

É por isso que vários países do mundo, em especial o Brasil, buscam se movimentar para desenvolver estratégias como o EcoInvest, de modo que possam incentivar o setor privado a implementar e expandir essas práticas dentro da cultura corporativa, perpetuando-a e tornando possível a realização de projetos que anteriormente poderiam parecer inalcançáveis.

Como integrar o ESG na cultura da sua empresa?

Os recursos do EcoInvest podem ser atrativos e realmente representar uma guinada nos projetos da sua empresa. Mas estar alinhada com os princípios do ESG não significa apenas implementar projetos sustentáveis, mas também integrar essas práticas na cultura organizacional. Aqui estão algumas dicas para começar:

1. Educação e Treinamento: Invista em capacitar seus colaboradores sobre a importância do ESG e como eles podem contribuir para essas iniciativas no dia a dia.
2. Governança Transparente: Estabeleça práticas de governança que garantam a transparência, a ética e a responsabilidade em todas as áreas da empresa.
3. Parcerias Estratégicas: Busque parcerias com consultorias especializadas em ESG, como a Goose Consultoria, que pode oferecer suporte técnico e estratégico para implementar essas práticas.
4. Monitoramento e Avaliação: Implemente sistemas para monitorar o impacto ambiental e social de suas operações e projetos, ajustando as estratégias conforme necessário.

Leia também: Os 5 P’s do Desenvolvimento Sustentável: Como Empresas Podem Alinhar Seus Processos Para o Futuro?

Quais projetos podem captar recurso do EcoInvest?

Não é qualquer “projeto sustentável” que poderá obter linhas de crédito junto aos bancos que captarem recursos do EcoInvest. O governo definiu uma lista de iniciativas que poderão ser contempladas, tendo como objetivo o desenvolvimento de um novo setor privado, mais preocupado com as mudanças climáticas e comprometido com o meio ambiente.

A lista com os setores que poderão captar esse financiamento são:

1. Transição energética:

• Transporte individual de baixo carbono;
• Transporte público e coletivo de baixo carbono;
• Transporte logístico de baixo carbono;
• Redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de sistemas isolados que operem a partir de combustíveis fósseis;
• Energia renovável e eficiência energética;
• Biocombustíveis;
• Indústria de baixo carbono;
• Iluminação pública.

  2. Economia Circular:

• Gestão de resíduos sólidos;
• Gestão de efluentes;
• Insumos alternativos.

  3. Infraestrutura e Adaptação:

• Edifícios eficientes e resilientes;
• Gestão de riscos e desastres;
• Soluções Baseadas na Natureza.

  4. Bioeconomia e Sistemas Agroalimentares:

• Produção agropecuária sustentável;
• P&D e bionegócios;
• Produtos florestais;
• Conservação da biodiversidade.

Esses eixos e suas respectivas atividades são melhor detalhadas no manual operacional do programa, disponível aqui.

Oportunidades para empresas carbono zero

Empresas que já estão comprometidas com a neutralização de suas emissões de carbono, ou que desejam seguir esse caminho, encontrarão nas linhas de crédito baseadas em captação do EcoInvest uma oportunidade valiosa.

Esses recursos poderão financiar a sua transição energética e a implementação de tecnologias limpas para o seu negócio, posicionando sua empresa não apenas como uma mera contribuidora para a meta nacional de carbono zero, mas sim como líder e – por que não? – pioneira em um mercado cada vez mais competitivo.

Conclusão

O EcoInvest é mais do que uma fonte de financiamento; é uma porta de entrada para que pequenas e médias empresas brasileiras se posicionem de forma competitiva no cenário global, adotando práticas de ESG e contribuindo para a economia verde.

Com o apoio de programas como esse, sua empresa pode não apenas atender às expectativas de investidores e consumidores, mas também fazer parte da solução para os desafios ambientais e sociais do século XXI.

Portanto, fique atento aos prazos e aos critérios estabelecidos pelas instituições e conte com uma consultoria em ESG especializada para avaliar como essa oportunidade pode beneficiar sua empresa. Afinal, abraçar o ESG pode ser a chave para o crescimento sustentável e a longevidade do seu negócio.