A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou, em outubro de 2023, uma resolução que permite, ainda de forma voluntária, a elaboração e divulgação de um relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, tornando o Brasil o primeiro país a adotar tal prática.

A ideia da CVM 193 é fortalecer a transparência das empresas que possuem programas e ações relacionadas ao tema e, ao mesmo tempo, alinhar a regulamentação brasileira às normas internacionais. Isso faz parte das metas da instituição para finanças sustentáveis e contribui, também, para que o país possa atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a Agenda 2030, da ONU.

Mas o que esse relatório financeiro tem de diferente? O que ele muda em relação à percepção da empresa no mercado? Como fazer e – melhor ainda – como adequar sua empresa para ele? É o que procuramos desenrolar neste artigo de hoje. Acompanhe.

A importância das informações financeiras relacionadas à sustentabilidade

Vivemos em um mundo que não é mais o mesmo da virada do milênio. As mudanças climáticas estão se acentuando, as desigualdades sociais aumentando e, ao mesmo tempo, a sociedade tem cobrado esforços de cada um para fazer a sua parte na promoção de um mundo melhor.

As empresas, independentemente do seu porte, são cruciais nesse processo, pois são a base de funcionamento da sociedade atual e suas atividades possuem um enorme impacto onde estão inseridas. Dessa forma, se cada uma delas se preocupar verdadeiramente com a construção de um ambiente melhor e mais justo, essas benesses acabarão por impactar todo o planeta.

Essa forma de enxergar a atuação das empresas tem sido fundamental para a escolha dos investidores. Segundo pesquisa da Global Reporting and Institucional Investor Survey, 99% dos entrevistados observam as práticas ESG das empresas antes de tomar a decisão de investir nelas.

Isso significa que um relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade traz mais transparência, confiabilidade e consistência à empresa, tornando-a mais atrativa para investidores.

Além disso, podemos elencar outros importantes aspectos que podem trazer benefícios às empresas que adotam esse tipo de relatório:

  • Gestão de riscos: quando separado das demais informações financeiras, este relatório permite a identificação e mitigação dos riscos ambientais e sociais que poderiam impactar negativamente seus negócios no futuro.
  • Compliance e regulação: em breve, a partir da adesão de um grande número de empresas, esse relatório será obrigatório e aqueles que já estiverem acostumados com sua elaboração não terão problemas com normas.
  • Eficiência operacional: o relatório revela as práticas que a empresa realmente coloca em prática no seu cotidiano; logo, práticas sustentáveis levam a uma maior eficiência operacional e redução de custos, como economia de energia, gestão de resíduos e uso eficiente de recursos.

Portanto, seja para atrair investimentos ou para disciplinar os processos internos tendo em vista a sustentabilidade do negócio, a empresa que divulga informações financeiras relacionadas à sustentabilidade estará alinhada e conectada com as exigências do mercado.

Como fazer o relatório? Quais os prazos?

O relatório financeiro voltado para a sustentabilidade empresarial deve ser feito com base no padrão internacional (IFRS S1 e S2) emitido pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). Para tanto, a empresa deve identifica-lo e apresenta-lo de forma separada dos demais demonstrativos.

Além disso, é preciso iniciar a demonstração a partir dos exercícios sociais começados em, ou após, 1º de janeiro de 2024 e divulgá-lo ano a ano. Para arquivamento, as empresas devem utilizar o sistema do próprio CVM e observar os seguintes prazos:

  1. Para a adoção voluntária e no primeiro ano de adoção obrigatória (a partir de 2026): a data deve coincidir com a entrega do Formulário de Referência (FRE); e
  2. A partir do segundo ano de adoção obrigatória: o prazo é de até três meses após o término do exercício social, ou na data de envio das demonstrações financeiras, prevalecendo o que ocorrer primeiro.

Apesar de complexo, o relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade simboliza uma evolução em relação ao que se cobra nas empresas de todo o mundo sobre o tema. E a CVM reconhece a importância de alinhar as práticas brasileiras com os padrões internacionais de relatórios de sustentabilidade.

Isso aumenta a transparência, confiabilidade, consistência e comparabilidade das informações, facilitando o acesso das empresas brasileiras ao financiamento internacional e promovendo um ambiente de trabalho em conjunto global.

Adequando sua empresa para emitir informações financeiras relacionadas à sustentabilidade

Quando uma empresa opta por emitir informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, ela deve garantir sobretudo a precisão e a transparência nos dados divulgados. Não apenas porque ele será auditado na CVM, mas para fortalecer a credibilidade junto aos investidores e outras partes interessadas.

Nesse momento, o apoio de uma consultoria financeira especializada, como a Goose, é essencial para evitar equívocos e aprimorar a qualidade das divulgações. Além de apoiar a implementação das melhores práticas ESG (ambiental, social e de governança) com foco nos resultados, ela oferece orientações especializadas e revisões independentes nos relatórios e demonstrações financeiras.

Essa colaboração com uma equipe de especialistas permite não apenas cumprir com as exigências regulatórias, mas também destacar o comprometimento da empresa com a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa, consolidando sua posição no mercado e atraindo investimentos.

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