Longevidade da empresa e práticas ESG: como elas se relacionam?
No mundo empresarial atual, caracterizado por mudanças rápidas e inovação constante tanto no que diz respeito ao consumo quanto à prática profissional, alcançar a longevidade da empresa é um desafio para qualquer organização, principalmente no Brasil.
As pressões externas, que incluem oscilações no mercado e evolução das demandas dos consumidores, somam-se às demandas internas e à adaptação a normas e condutas para criarem um desafio enorme para o empreendedor. Dessa forma, é preciso muito mais que talento para alcançar o sucesso tão almejado e manter o empreendimento vivo por muitos anos.
Neste artigo, discutiremos como as práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) trazem uma “atualização” para a empresa nesse cenário de mudanças no consumo e no perfil profissional, e também de que forma elas podem ser fundamentais na garantia da longevidade de uma empresa.
Os desafios de se garantir a longevidade da empresa no Brasil
Segundo dados do IBGE, 48,2% das empresas fundadas no Brasil encerram suas atividades antes de completarem 3 anos. E muitos especialistas apontam, como motivo, para a falta de gestão, falta de experiência e o principal: ausência de um planejamento estratégico que considere o futuro do empreendimento.
Já para o Sebrae, com base em dados obtidos pela Receita Federal, a longevidade da empresa que atua no comércio é a menor entre todos os setores: 30,2% fecham as portas em 5 anos. E muitos empreendedores que fracassam admitem que não estavam preparados nem haviam planejado seu negócio para além de 6 meses.
Esses dados comprovam que a sobrevivência da empresa, no Brasil, é um grande desafio que todo empreendedor enfrenta, diariamente. E tal dificuldade não é exclusiva das empresas recém criadas, haja vista o número crescente de negócios que estão em recuperação judicial em 2023.
Isso significa que, se o empresário deseja que uma vida longa ao seu empreendimento, ele precisa ser capaz de cuidar do presente e, ao mesmo tempo, estar pronto para planejar o futuro com estrutura e estratégia que lhe permita considerar todos os riscos, inclusive o socioambiental.
É aí que as práticas ESG passam a se relacionar mais diretamente com a longevidade da empresa, pois elas preparam a cultura corporativa e todos os processos internos de um negócio para que ele se insira e se molde ao contexto em constante mudança, fortalecendo-o como um todo.
Como a mudança no consumo e nos profissionais impacta na longevidade da empresa?
A sociedade atual é marcada pelo engajamento em causas que lhe são mais sensíveis e demonstram certo nível de pertencimento. E essa relação impacta também o consumo, já as pessoas procurar fazer negócio com empresas cujos valores estão alinhados aos seus.
Esse contexto exige das organizações a necessidade de um novo olhar sobre seus respectivos negócios, quem de fato é seu público, e como uma visão de longo prazo pode ajudar as empresas a se adequarem a essas novas demandas do consumidor e da sociedade.
Essa visão é exatamente o que o programa ESG oferece ao empreendedor. Ao estabelecer uma gestão empresarial sustentável não focada totalmente no lucro, mas com visão em ações voltadas ao meio ambiente, para o social e governança, o negócio se alinha aos interesses do seu cliente e garante, assim, a continuidade em servi-lo por muitos anos.
Além das relações de consumo, o mercado de trabalho também tem se transformado através das mudanças de paradigmas da sociedade. Segundo a pesquisa Workmonitor 2023, da Randstad, 88% dos trabalhadores brasileiros ouvidos pela pesquisa concordam que os valores e propósitos do empregador são importantes. Desses, a metade pediria demissão se ele não proporcionasse sentimento de pertencimento.
Esses dados, obtidos com cerca de 30 mil trabalhadores do mundo todo, demonstram firmemente como a transformação na sociedade tem impactado nas empresas, de modo que só aquelas que conseguem acompanhar essas mudanças, aplicando as práticas ESG aos seus processos, conseguem obter uma maior longevidade.
A importância das práticas ESG para a vida de uma empresa
Assim, ao garantir um alinhamento adequado com os valores da sociedade atual, considerando os riscos e suas ações no contexto socioambiental, as práticas ESG tornam-se essenciais para garantir a longevidade da empresa.
Ao considerar fatores ambientais, a empresa pode evitar o risco de ser multada ou mesmo de ter sua reputação abalada entre os clientes, além de se posicionar como líder em sustentabilidade corporativa.
Já quando contribuir socialmente com as comunidades no seu entorno, pode também fortalecer as relações de confiança e engajar colaboradores na busca pela melhoria contínua de seus processos internos.
Uma governança adequada, por fim, promove transparência e tomada de decisões responsáveis e assertivas, atraindo investidores e garantindo estabilidade nos resultados.
No geral, as práticas ESG promovem resiliência, inovação e confiança de toda a sociedade que se relaciona com essa empresa. Isso permite que ela se destaque e esteja preparada para enfrentar os desafios de um mundo em constante evolução.
Integrar as práticas ESG na cultura corporativa e na estratégia do negócio aumenta as chances de atrair investimentos, de reter talentos essenciais para o crescimento e de corresponder às expectativas de uma sociedade transformada, que valoriza muito a longevidade da empresa.