Sempre que temos notícia de uma empresa familiar que entrou com pedido de recuperação judicial, é quase indissociável o pensamento comum de “ah, vai falir” ou “parece que vai fechar”. Mas não é bem assim: a recuperação judicial (chamada também de RJ) existe exatamente para salvar uma empresa, e não o contrário.

Atualmente, a lei brasileira não distingue tamanho, porte, tipo ou atividade econômica para que uma empresa peça RJ. Isso significa que mesmo as empresas familiares, que necessitam de uma reestruturação financeira, podem entrar com o pedido e tentar realinhar os rumos do seu negócio.

Entretanto, muitas famílias empreendedoras, por falta de conhecimento, influência ou medo, acabam se afastando dessa ideia e vão “levando até onde dá”, piorando cada vez mais a situação do empreendimento.

Por isso, hoje preparamos um guia básico para entendermos a importância da recuperação judicial para empresas familiares e por que ela é um caminho de salvação – não de fim – para os problemas que o seu negócio vem enfrentando. Boa leitura.

Qual a importância de uma recuperação judicial para empresas familiares?

Muitas empresas familiares representam não apenas um negócio, mas também um legado familiar construído ao longo de gerações. A reorganização de suas finanças através da RJ evita a liquidação da empresa e preserva, assim, esse patrimônio familiar.

Além disso, ter um pedido de RJ registrado é uma forma eficaz de gestão de crise empresarial, pois a empresa familiar ganha proteção contra ações de execução de credores, que estarão agora num ambiente controlado de negociação de dívidas, o que permite um espaço de tempo preciosíssimo para desenvolver e implementar um plano de reestruturação que ofereça condições mais favoráveis ​​do que as disponíveis fora do processo de RJ.

A recuperação judicial para empresas familiares, inclusive, requer transparência nos processos financeiros e operacionais da empresa, o que vai promover uma governança mais estruturada e levar a uma gestão mais eficaz para o crescimento futuro do negócio.

O momento certo de pedir ajuda

Sendo direto, quanto antes aparecerem os sinais de crise, melhor. O problema é saber diferenciar uma crise séria de um mês ruim ou um trimestre com muitas dívidas. Mas é fundamental, em algum momento, reconhecer que a coisa não anda bem e agir para mudar essa situação.

Muitos especialistas em gestão empresarial e financeira dizem que o sinal mais evidente de que é hora de pedir ajuda é quando o empresário sente que possui mais dores de cabeça que alegrias com seu negócio. E isso também vale para as empresas familiares.

Para aprofundar no tema, consulte nosso artigo clicando aqui.

Contratar ou não uma empresa de consultoria em RJ?

Mesmo que a família empreendedora possua experiência na área financeira e administrativa, é importante contar com uma ajuda externa para identificar, analisar e tentar sanar o problema da forma mais racional possível. Isso porque o elemento “paixão pelo negócio”, nesse caso, pode entrar em cena e atrapalhar as mudanças que devem ser feitas para sair da crise.

De fato, algumas consultorias especialistas em RJ, como a Goose, antes de formalizar o pedido de recuperação judicial para a empresa familiar, se aprofundam nos negócios e tentam identificar os pontos fracos na administração, propondo mudanças que possam minimizar aquele cenário de crise e fortalecer um ambiente de retomada.

Portanto, a ajuda de uma consultoria em RJ é fundamental para negócios familiares em crise, não apenas porque apoiam e elaboram o plano de recuperação judicial, mas principalmente porque analisam todas as contas e propõem mudanças que podem, inclusive, descartar a possibilidade de abertura no pedido.

Como funciona o processo de recuperação judicial para empresas familiares?

O processo de recuperação judicial para empresas familiares segue os mesmos ritos de qualquer empresa, afinal, a lei é uma só e vale para todas as pessoas jurídicas, como citamos anteriormente.

Mas, nesse caso, a sensibilidade, o sentimento e amizade com os credores pode influenciar nas tomadas de decisões que devem ser feitas durante a RJ, inclusive negativamente.

  1. Petição inicial: apresenta-se um pedido de recuperação judicial ao tribunal competente, demonstrando sua incapacidade de cumprir suas obrigações financeiras.
  2. Decisão judicial: o juiz avalia o pedido e decide se concede ou não a proteção judicial à empresa. Se aceito, é concedida uma moratória que suspende temporariamente as ações de execução dos credores contra a empresa.
  3. Nomeação do administrador judicial: o juiz nomeia um administrador judicial para supervisionar o processo de recuperação. Ele pode auxiliar na elaboração do plano de recuperação e garantir sua execução adequada.
  4. Elaboração do plano de recuperação: a empresa familiar elabora um plano de recuperação que detalha como ela pretende reestruturar suas dívidas e operações para sair da crise.
  5. Assembleia de credores: o plano de recuperação é submetido à assembleia de credores para aprovação, que depende da maioria qualificada dos créditos presentes na assembleia.
  6. Homologação judicial: o plano aprovado pela assembleia de credores é submetido ao juiz para homologação, que avaliará se está de acordo com a lei e se respeita os direitos dos credores.
  7. Implementação do plano: uma vez homologado, o plano de recuperação é implementado pela empresa familiar sob a supervisão do administrador judicial. Isso pode envolver medidas como renegociação de dívidas, venda de ativos não essenciais e reestruturação operacional.
  8. Monitoramento e fiscalização: o administrador judicial e o juiz monitoram a execução do plano de recuperação para garantir que seja cumprido de acordo com os termos aprovados.
  9. Encerramento do processo: após a conclusão bem-sucedida do plano de recuperação e o pagamento das dívidas conforme estabelecido, o processo de recuperação judicial é encerrado pelo tribunal.

Exemplos de empresas familiares que obtiveram sucesso na RJ

Agora que você conhece melhor o processo de recuperação judicial para empresas familiares, que existe no Brasil como uma das melhores soluções para o endividamento do negócio, vamos conhecer alguns casos de empreendimentos que foram muito felizes durante a RJ e obtiveram sucesso após a reestruturação do negócio.

Grupo Votorantim

O Grupo Votorantim, um conglomerado familiar brasileiro com negócios em diversos setores, incluindo cimento, metais, energia, entre outros, passou por um processo de recuperação judicial nos anos 90.

Com uma estratégia de reestruturação sólida e uma gestão eficaz, a empresa conseguiu superar suas dificuldades financeiras e se tornou uma das maiores empresas do Brasil.

Estácio Participações

A Estácio Participações, uma das maiores empresas de ensino superior privado do Brasil, é controlada pela família Chaim Zaher. Após muitos revezes nas finanças e perda considerável de credibilidade no mercado, passou por um processo de recuperação judicial para empresas familiares em 2008.

Com um plano de reestruturação eficaz e investimentos em qualidade educacional, a Estácio conseguiu superar suas dificuldades financeiras e se consolidar como uma líder no setor de educação privada no país.

 

Esses exemplos nos mostram, com entusiasmo, como a recuperação judicial para empresas familiares deve ser encarada como algo positivo, a oportunidade de um novo começo – e não de fim – para todo e qualquer negócio que esteja passando por dificuldades.

Portanto, se este é o seu caso, não hesite em procurar ajuda especializada e em lutar pelo futuro do seu patrimônio familiar.

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